22 de novembro de 2009

tricot-de-afectos



Ainda não é Natal mas sabe sempre bem dar um presente. Especialmente quando esse presente vai para uma pessoa muito especial que tem o dom de transformar quadradinhos de tricot e novelos iguais a estes em mantas que aquecem o coração e a alma daqueles que mais precisam. Refiro-me à minha querida amiga Isa e ao seu projecto tricot-de-afectos. Convido-vos a visitar o seu cantinho e quem sabe ajudar a Isa a espalhar solidariedade. Basta fazer-lhe chegar quadradinhos (20x20cm), novelos, restos de lã ou, simplesmente divulgar o projecto.

10 de novembro de 2009

30 de outubro de 2009

negação



Quando há cerca de quatro anos resolvi fazer um jardim muni-me das ferramentas e materiais necessários, entenda-se vasos, vasinhos, enxadas, sachos, contornos de passeio em madeira, regadores, adubo e terra, entre outros. Comprei livros sobre bolbos, perenes, plantas de vaso, aprendi o nome de uma infinidade de plantas, qual a altura certa para plantar cada espécie e que cuidados deveria ter para que as minhas flores crescessem bonitas e saudáveis. Posto isto deitei mãos à obra e, literalmente, desbravei terreno por entre ervas daninhas, pedras e desnivelamentos de terreno. Na minha cabeça idealizei o pequeno jardim que queria ter e para isso trabalhava todos os fins-de-semana. Assim que alcançasse o meu objectivo e todo o canteiro florisse teria zonas de bolbos a florescer por entre as heras, begónias, petúnias e malmequeres e até teria um canteiro de cactos decorado com casca de pinheiro, pedras e areia. No entanto, as adversidades não se fizeram esperar e rapidamente percebi que a luta contra as ervas daninhas era inglória. Quando eu chegava a uma ponta do canteiro, na árdua tarefa de as tentar exterminar, já elas rompiam na extremidade àquela onde eu tinha começado. Também percebi que o canteiro que idealizara, à semelhança dos que via em livros e revistas de jardinagem, não era facilmente exequível e assim, algumas plantas foram transferidas para vasos dando lugar a variedades mais resistentes. Depois ainda havia a geada no inverno e o tórrido verão alentejano que contribuíam para atrasar a concretização do meu projecto. Mas nada disto me deteve pois ao invés de ver dificuldades, ervas daninhas e plantas que não resistiam às intempéries, eu olhava para o meu modesto canteiro ainda tão pobre, e via o canteiro que eu idealizara. Não raras vezes aconteceu, eu chamar a minha madrinha, “especialista” em flores e dona de um jardim bem apetrechado e vistoso, para que visse as novidades que eu adquirira e plantara, e ela, com um ar perdido e contrastante com o meu entusiasmo, apenas as avistava quando eu lhas apontava. Na verdade, embora olhando para o mesmo canteiro não estávamos a ver a mesma coisa. Ela via as flores, ervas daninhas e espaços vazios que efectivamente lá estavam. O canteiro tal como ele se apresentava naquele momento. E eu, via o canteiro em que ele se tornaria. Via as flores como elas seriam e a beleza que ele ainda não tinha mas que eu acreditava que estaria lá ao fim de algum tempo.
No outro dia, observava eu o canteiro abandonado há meses (não que eu tivesse desistido ou me tivesse dado por vencida, mas porque o nascimento da Bárbara me afastou de facto do jardim), e realizava que aquele cenário que considero agora de devastação, afinal não é assim tão diferente daquilo que o jardim sempre foi. Eu é que, pela primeira vez, o estou ver tal como ele é. E isto leva-me a pensar quantas vezes não nos comportamos assim relativamente a tantas outras coisas, por vezes até bem mais importantes, nas nossas vidas e ao invés de vermos a realidade que se depara perante os nossos olhos, vemos aquilo que queremos ver. Aquilo que queríamos que fosse a realidade…

15 de outubro de 2009

é oficial



Depois do nascimento da Bárbara este foi o primeiro romance que consegui ler de uma ponta até à outra. Depois deste já se lhe seguiu Alma e os mistérios da vida (Luísa Castel-Branco), que tinha começado a ler ainda quando estava grávida mas que acabei por ler novamente desde o início, e agora é a vez do novo romance da Sveva Casatti Modignani. Não sei se o vou ler com a sofreguidão habitual com que costumo devorar os seus livros pois agora com o início do novo trabalho as leituras são outras...

14 de outubro de 2009

(re)começo

Já era para ter aqui registado na semana passada o turbilhão de sentimentos que advieram de um inesperado telefonema. Era para ter escrito sobre a excitação perante a possibilidade de um (re)começo mas tive de actualizar o curriculum vitae, ler uma série de legislação e ir a uma entrevista. Era para ter testemunhado sobre o orgulho e realização por conseguir alcançar um objectivo mas fui dominada pelo medo da mudança, a preocupação e ansiedade perante a inevitável e eminente separação e fiquei a matutar nesta ambivalência. Por um lado a exaltação, o entusiasmo e contentamento, por outro lado a culpa, o remorso. Era para ter aqui assumido que me sentia impotente por ter de deixar a minha filha aos cuidados de outra pessoa que não eu (embora essa pessoa seja a minha mãe em quem tenho plena confiança e com quem a minha filha adora estar e é tão bem “tratada” como se estivesse comigo!) e sentir pela primeira vez na pele aquilo que já há muito sabemos no nosso íntimo sobre a condição de mãe: “(…) é como ter uma parte de nós para sempre fora do nosso corpo, a andar por aí, a dar os primeiros passos e depois correr e esfolar os joelhos.” (in Alma e os Mistérios da Vida, Luísa Castel-Branco) mas passei o fim-de-semana a arrumar, limpar, organizar, categorizar, enfim… Arrumei a gaveta da roupa interior, organizei o roupeiro trazendo de novo a roupa de Outono para os cabides e refundindo a de Verão nas prateleiras e gavetas mais recônditas, limpei a casa, planeei uma ementa semanal para a Bárbara e cozinhei mais de trinta sopinhas, fiz compras e arrumei a gaveta que a minha mãe destinou à Bárbara na sua cómoda, dispondo fraldas, toalhitas, roupa extra, produtos de higiene e até ben-uron’s numa tentativa (por vezes frustrada e outras vezes nem tanto assim) de experimentar uma ilusória sensação de controlo perante a situação inesperada que veio dar à minha vida uma reviravolta que eu esperava e planeava para daqui a mais algum tempo.
Era para já aqui ter passado esta semana para partilhar a serenidade com que iniciei o novo projecto numa época do ano que sabe a isso mesmo, a recomeços e que é de resto a minha preferida pelos sabores que traz consigo a frutos secos e chás e chocolates quentes, pelo cheiro a terra molhada, pela luminosidade e pela cor, que já não é o amarelo tórrido do estio que queima a planície, mas o laranja e o dourado das folhas a cair e do fogo a crepitar na lareira enquanto sabe bem aconchegarmo-nos no sofá e ler um livro ou ver uma comédia romântica enroscados sob uma mantinha a ouvir a chuva lá fora (embora este ano esta conversa não faça o menor sentido e o que me vale são mesmo as lojas cheias de roupa quente e as prateleiras dos hipermercados a transbordar de cadernos novinhos em folha e lápis e canetas e borrachas… (tanto que eu gosto de material escolar!!!) para me lembrar que, contrariamente ao que indicam os termómetros, o Verão já lá vai e estamos mesmo no Outono). Mas não passei porque tive de mimar a minha filha pela manhã antes de a deixar com a avó como se fosse emigrar para terras longínquas e brincar com ela à tarde e dar-lhe oportunidade de me brindar com todas as gracinhas, risos e puxões de cabelo que não teve ocasião de me dar durante o dia.
Mas aqui estou eu hoje, para partilhar todas estas experiências e sentimentos e para vos contar que na semana passada o tal telefonema era uma proposta para me candidatar a um emprego, que fui seleccionada após a tal entrevista e comecei a trabalhar na segunda-feira. E o resto é o que vocês já sabem!!!

2 de outubro de 2009

28


Hoje estou de parabéns!!!
O bolinho foi feito por mim e embora pareça de chocolate é só para enganar... eh eh... por dentro é de côco!!!

12 de setembro de 2009

2 de setembro de 2009

isto aconteceu comigo

Detesto a palavra celulite, anti-celulítico e todas as que de alguma forma possam estar relacionadas com esses abomináveis nódulos de gordura tinhosa que se acumulam nas coxas e nádegas obrigando-me a viver sob o jugo das dezenas de novidades em cremes, chás e afins que irrompem todos os anos no início da primavera pelas páginas das revistas femininas cheias de beldades exibindo uma pele diáfana e lisa. Sempre que me dirijo a uma perfumaria ou farmácia para pedir um destes produtos, sinto-me como protagonista de uma transacção ilícita, olhando em volta e pronunciando a palavra desagradável num tom de voz consideravelmente abaixo do normal para me certificar de que ninguém à minha volta ouve. O problema é que a própria funcionária que me atende acaba por não entender obrigando-me a repetir, o que se torna ainda mais doloroso. Na última vez que me dirigi à farmácia para comprar uma novidade sob a forma de cápsulas que tinha visto numa revista, ainda antes de estar grávida, aproximei-me do balcão, baixei a cabeça e balbuciei:
- Gostaria de saber se tem, hum, as novas cápsulas innéov para urgh celulite?
- Desculpe, as cápsulas innéov para? – indagou a funcionária franzindo a cara e falando mais alto do que o socialmente correcto, incentivando-me a subir o tom de voz.
- Para a celulite – ripostei, mantendo o tom de voz mas pronunciando vagarosamente e acompanhando com elaborados movimentos labiais. Será que as funcionárias das farmácias e perfumarias não podiam simplesmente ler nos lábios? Ou quem sabe, criar um código gestual para impedir que se pronunciassem palavras como celulite em voz alta?
- Ah! Para a celulite – exclamou em voz exageradamente alta a funcionária. Senti o rosto enrubescer e num movimento fluido fiz os óculos de sol que me seguravam o cabelo descerem para me cobrir o olhar lancinante que dirigia à dita funcionária que por essa altura já estava praticamente a gritar para a colega no outro lado da farmácia:
- Oh Andreia? Já temos o innéov para a celulite?
- Para quê?
- Para a CE-LU-LI-TE!
Pronto, se ouvisse a palavra celulite outra vez era capaz de vomitar. No entanto, Andreia e a colega continuavam alegremente a conversa com a mesma naturalidade com que falariam de uma enxaqueca ou de uma gripe. Na verdade, habituadas a desempenhar as funções de farmacêuticas, estão completamente alheias ao embaraço que representa para os comuns mortais ir até uma farmácia e pedir determinados produtos como pomadas para as hemorróidas, preservativos, laxantes, anti-diarreicos ou, no meu caso, anti-celulíticos. Enquanto Andreia confirmava que as ditas cápsulas ainda não tinham chegado, uma outra funcionária vinda do interior da farmácia aproximou-se dizendo com ar de interessada: - Para a celulite, também quero!
Olhei à minha volta, a farmácia tinha algumas pessoas que para mim representavam uma multidão de desconhecidos que neste momento estavam a par do meu drama. Uma recém-mamã, acompanhada pelo marido que segurava o ovinho da chicco com o bebé lançou-me um olhar indulgente, compadecendo-se com o meu problema. Então, a primeira funcionária que me atendeu verificou no computador e informou que de facto ainda não tinham o produto, que afinal não era cápsulas mas sim carteiras, e prontificou-se a ligar para o fornecedor para saber se a entrega estava para breve. Claro, que toda a gente que estava na farmácia mais as pessoas que entretanto iam entrando conseguiam ouvir o telefonema: - Olhe, era para saber se já nos foi enviado o innéov carteiras para a celulite? Ainda não? Obrigada!. Seguiu-se novo telefonema para o armazém sendo pronunciada mais algumas vezes a palavra celulite e sendo eu a pessoa que estava ao balcão, todos os que acabavam de entrar e que ainda não estavam familiarizados com aquela cena percebiam rapidamente que as carteiras para a celulite eram para mim. – Ainda não está no armazém, por isso é uma questão de ir passando por cá para ver se já chegou! - comunicou a simpática funcionária tão empenhada em ajudar-me. Fiquei estarrecida perante a possibilidade de repetição daquela cena agonizante e não voltei.
Agora que deixei de amamentar, posso voltar a usar este tipo de produtos. No entanto, não sei se vou comprar algum pois o verão é sempre uma época pródiga no aparecimento de novidades nesta área e os frascos milagrosos proliferam a uma velocidade tal nas prateleiras das perfumarias que é difícil saber qual escolher. Mas se decidir comprar algum, acho que vou passar na parafarmácia do shopping onde os ditos cremes, carteiras, cápsulas ou seja lá o que for, estão expostos numa prateleira e só tenho de lhes pegar e dirigir-me à caixa para pagar.

17 de agosto de 2009

era uma vez...

... uma menina a quem os pais ensinaram que devia beber muito leitinho para crescer forte e saudável. A menina cresceu e foi para a escola. Lá aprendeu que o leite é rico em cálcio e que ajuda a ter dentes e ossos fortes. A menina cresceu ainda mais e os médicos disseram-lhe para beber pelo menos três copos de leite por dia para prevenir a osteoporose. A menina continuou a crescer e a beber leitinho. Até que um dia acordou para a vida e descobriu que afinal o leite de vaca é bom é para os bezerros.

10 de agosto de 2009

7 de agosto de 2009

opiniões de peso - parte II

aqui falei sobre as pessoas que, completamente alheias ao facto de termos espelhos em casa e um guarda-roupa cheio de coisas que não nos cabem nem nas orelhas, não param de nos confrontar com a óbvia constatação de que estamos mais gordas. Mas verdade seja dita e justiça seja feita, essas mesmas pessoas também são capazes de nos elogiar quando emagrecemos. Não, não é um elogio encorajador quando começamos a perder peso, que pequenos progressos não são meritórios de reforço. Nem tão pouco é um elogio que nos encha o ego ou faça disparar a auto-estima, salientando que estamos com melhor aspecto ou mais bonitas ou qualquer outra coisa do género. É sim, um elogio em tom de alerta: “Agora já chega, que mais magra também é demais!”. Digam lá então se estas pessoas não são uns amores, a dizer que não só conseguimos emagrecer como já estamos em risco de sofrer de algum distúrbio alimentar. É isso ou então, como diria o meu primo Valter, pedem a Deus que não podendo fazer delas magras, faça com que todas as outras sejam gordas.

3 de agosto de 2009

uff! Terminei...

... a fralda do Ricardinho!






21 de julho de 2009

seis meses

A minha migalhinha faz hoje seis meses.

20 de julho de 2009

o que eu ando a fazer



A minha menina faz amanhã seis meses e eu ando a fazer coisinhas muito lindas para ela.

E a fraldinha para o primo também vai ganhando forma devagarinho... devagarinho...

o que eu fiz no fim-de-semana

Passei o final da tarde de sábado na cozinha a preparar uns miminhos. Para as minhas avós, o meu bolo de limão.

E para a minha poka (e para mim também ;)), brownies.

Para o jantar, courgettes e beringelas recheadas. Uma das vantagens de viver no campo é ter sempre fruta, legumes e vegetais da época numa horta perto de mim (a dos meus pais ou tios pois no meu quintal "só" há algumas laranjeiras, marmeleiros, um limoeiro, amoreiras, courgettes e cebolas!)

14 de julho de 2009

grow baby, grow



O que estas gavetas já mudaram. Os bodies minúsculos e babygrows quentinhos deram lugar aos vestidos e túnicas coloridos de verão e os casaquinhos de inverno, às calças, calções, saias e leggins. Os sapatinhos, à excepção das botinhas que não conseguia descalçar, ficaram intactos assim como a gaveta que os abriga. Talvez na próxima estação, a B. já queira usar botinhas e ténis e fazer assim as delicias da mãe que está desejosa de renovar esta gaveta.

12 de julho de 2009

e agora um post polémico

Existem opiniões que uma pessoa não pode emitir antes de adquirir o estatuto de mãe, como é o caso da educação (ou falta dela) das crianças que nos rodeiam, sem se ser logo confrontada com a constatação óbvia (será?!) de que só quando formos mães poderemos compreender certas coisas.
Assim sendo, parece que já tenho legitimidade para falar dos filhos alheios e, aqui que ninguém me interrompe, posso então manifestar a minha opinião sobre um assunto que por vezes gera tanta polémica. Não gosto de crianças mal-educadas, ou melhor, não gosto de comportamentos e atitudes que denotam falta de educação e devo antes dizê-lo assim porque existem crianças de quem eu gosto muito que têm esse tipo de comportamentos. Para aqueles que por esta altura já me teriam interrompido, aqui ficam alguns esclarecimentos:
Em primeiro lugar, o facto de eu achar que uma criança é mal-educada não significa que não goste dela. Eu não gosto é do seu comportamento. Nem tão pouco significa que eu a ache “pior” do que outras crianças. Não se trata de avaliar a criança mas sim, de avaliar se o seu comportamento é ou não adequado.
Em segundo lugar, se eu digo que uma criança está a ser mal-educada, e embora esta afirmação comporte sempre alguma forma de crítica aos pais, eu não estou a dizer que sou melhor do que eles ou que seria capaz de fazer melhor. E aqui é que está o busílis da questão. É que eu não consigo compreender porque é que certas pessoas ficam tão melindradas face à desaprovação de familiares e amigos perante os comportamentos dos seus filhos, quando estes são claramente inadequados quando observados à luz do nosso quadro de referência. Estamos a falar de membros de uma mesma comunidade, pessoas que foram educadas segundo os mesmos princípios e valores. Ainda mais me custa a acreditar que tal incapacidade para aceitar a crítica e assumir que os seus filhos estão a ser mal-educados se deva àquela cegueira que afecta os pais e os impede de detectar nos seus filhos aquilo que conseguem ver tão bem nos filhos dos outros.
Assim, parece-me que a grande dificuldade de algumas pessoas não é admitir que os filhos estão a ser mal-educados, mas sim aceitar a crítica e admitir que erraram. Este sim é o grande problema. É a dificuldade que as pessoas têm em lidar com as suas fraquezas, os seus erros, as suas falhas. É o medo de não serem suficientemente bons naquilo que fazem. E para salvaguardar a imagem de que “nós sabemos muito bem o que estamos a fazer e quem são vocês para falar dos nossos filhos? Acham que são melhores do que nós? Ou que os vossos filhos são melhores que os nossos?” vale tudo. Até admitir tremendas faltas de respeito.
É certo que existem muitos factores que influenciam o comportamento de uma criança. Mas isso nunca poderá servir de desculpa para certos comportamentos pois os principais responsáveis pela educação dos filhos são, e sempre serão, os pais. Colocar a culpa nos outros é demitir-se da sua responsabilidade e desculpar a criança o que só perpetuará o mau comportamento.
Muitos dirão que o futuro me pode reservar filhos mal-educados. Pode ser que sim. Pode ser que apesar de todo o meu esforço isso aconteça. Pode ser que o meu melhor não seja suficiente. Mas não seria esse o maior mal a vir ao mundo. Mal seria se eu ficasse cega e só visse nos filhos dos outros algo que fosse tão visível nos meus. Mal seria se ao invés de pedir ajuda para lidar com algo que estivesse a escapar do meu controlo, culpasse os outros pelo mau comportamento dos meus filhos demitindo-me da responsabilidade de mãe. Mal seria se um filho meu me mandasse calar à frente de toda a gente e me levantasse a mão e eu, só por ser meu filho, achasse que isso era normal.

23 de junho de 2009

Ser mãe... a tempo inteiro

A Bárbara fez 5 meses no domingo e com eles chegou ao fim a minha licença de maternidade. Ontem seria o meu primeiro dia de trabalho. Digo seria porque depois de muito reflectir, de pesar os prós e contras, optei por ficar em casa e não voltar a trabalhar. Pelo menos para já. Esta minha decisão nada tem a ver com a vontade de me tornar uma “nova doméstica” embora nada tenha contra este movimento que pratica o culto do craft, das coisas feitas em casa, do resgatar saberes desde sempre atribuídos às mulheres e passados de geração em geração. Gosto de cozinhar, costurar, bordar, tratar da casa e do jardim. Acho que nenhuma mulher é menos mulher se OPTAR por fazê-lo. A verdadeira liberdade é podermos assumir o controlo da nossa vida e escolher aquilo que queremos fazer dela e não sujeitarmo-nos àquilo que a sociedade nos impõe, seja o ficar em casa a cuidar da família como acontecia há alguns anos atrás, seja o trabalhar fora de casa a qualquer custo como acontece nos dias de hoje. E digo a qualquer custo porque acredito que muitas mulheres trabalham, deixam os filhos no infantário e andam numa roda viva não porque isto lhes traga alguma realização pessoal ou profissional ou até mesmo alguma compensação financeira, mas sim porque acreditam que se optarem por ficar em casa estão a ver roubada a sua liberdade.

No meu caso, voltar a trabalhar significava voltar para o Algarve, não ter qualquer rede social de suporte e privar a minha filha do convívio com a família. Não do pai, que ficaria connosco na maior parte dos dias, mas dos avós, tios, primos e sobretudo do irmão (o meu enteado, que vive com a mãe). Significava acordá-la cedo, pô-la no infantário, ir trabalhar, ir buscá-la ao infantário, chegar a casa cansada e ainda ter de fazer o jantar, tratar da casa e pô-la na cama sem tempo para brincar com ela, para a escutar, para a mimar. Significava ter de me deslocar frequentemente ao Alentejo para poder estar com a família. Significava também pagar uma renda de casa no Algarve, infantário, despesas de deslocações e arranjar alguém que me ajudasse com as tarefas domésticas pois seria impossível conseguir tratar de duas casas sozinha. Ou seja, ir trabalhar para o Algarve depois do nascimento da Bárbara significava estar a pagar para trabalhar e não retirar qualquer prazer disso. Ficar na minha casa no Alentejo junto da minha família e cuidar da minha filha é neste momento a opção mais acertada e sobretudo aquela que me faz mais feliz (e certamente que a ela também!).

Depois de comunicar a minha decisão de ficar em casa a família e amigos, já ouvi todo o tipo de comentários, desde o elogio e incentivo à crítica de quem tem a ideologia do feminismo do pós 25 de Abril de tal forma incutida que não consegue perceber que a verdadeira liberdade é o poder de escolha. Fui educada por pais trabalhadores que me incentivaram a estudar e trabalhar e passei muito tempo perto de uma avó que me ensinou a tricotar e bordar ainda eu não sabia ler. Sinto-me bem dos dois lados. Mas acima de tudo fui criada por uma família que respeita as minhas escolhas e que me apoia mesmo quando não concorda com elas.

10 de junho de 2009

fraldas e feltro



Embora as galinhas sejam o meu objecto fetiche, também gosto muito de ovelhas. Elas são o tema da segunda fralda bordada com aplicações de feltro, que ainda não está acabada. As da foto acima são do quarto do Eduardo, o meu enteado.


A primeira fralda com aplicações de feltro foi a da Bárbara e o tema são, claro, as flores e borboletas.

Vou tentar tirar umas fotos onde se vejam melhor as aplicações para publicar mais tarde.

8 de junho de 2009

bolo de domingo



Fiz ontem para o lanche em casa da minha mãe.

opiniões de peso

Não, não são opiniões importantes ou opiniões emitidas por pessoas importantes. Dizem respeito isso sim, à irreprimível necessidade que a generalidade das pessoas têm para emitir comentários acerca do peso alheio. “Olá, tudo bem? Estás mais gorda!”, ou “Olá, tudo bem? Estás mais magra!” são frases repetidas vezes sem conta, mais pelas mulheres, mais a primeira do que a segunda e mais por pessoas mais gordas do que magras porque “o mal dos outros a todos consola”. Mas se acham que o peso é já tema recorrente das conversas de circunstância esperem só até ficarem grávidas e terem um bébé. É extraordinária a quantidade de pessoas que, temendo que eu não tenha espelhos em casa ou seja desconhecedora de um objecto tão vulgarmente utilizado como é a balança, faz questão de me recordar que estou mais gorda. E não me refiro a pessoas amigas ou familiares, refiro-me a pessoas que antes só me diziam bom dia ou boa tarde. Pessoas cujo Indice de Massa Corporal roça muitas vezes o limite da obesidade e que, pelos vistos se sentem melhor quando pensam que afinal não são as únicas com peso a mais, apesar de eu continuar com um IMC dentro dos limites da normalidade mesmo com os quilos que tenho a mais. Pessoas que não tiveram um bebé há quatro meses mas sim há muitos anos atrás e pelos vistos ainda não recuperaram. Coloca-se então a questão: será que o que as incomoda é serem gordas ou que as outras sejam magras?

6 de junho de 2009

primeiro as primeiras coisas

Primeiro, as primeiras coisas. É com este lema a povoar a minha mente que me levanto todos os dias e deambulo pela casa, ainda não completamente acordada, numa luta interior entre a irresistível tentação de voltar para a cama e o peso esmagador da responsabilidade de cumprir as intermináveis tarefas domésticas que me aguardam.
As primeiras coisas são, invariavelmente, tomar o pequeno-almoço, tomar banho e vestir-me. As segundas primeiras coisas podem ser cozinhar, limpar a casa ou passar a ferro. O importante é estabelecer prioridades e aproveitar ao máximo as escassas horas que ainda me restam antes da B. despertar. No entanto, o que tenho vindo a constatar é que, mais horas a B. dormisse, mais tarefas eu arranjaria para fazer. E coisas como ler, escrever, pintar ou simplesmente ver algumas das minhas séries preferidas que vou gravando na esperança de arranjar tempo para ver, vão sendo indefinidamente adiadas.

Felizmente, posso contar com o suporte da minha mãe para muitas tarefas. No entanto, o curioso é que se até há pouco tempo eu praticamente não cozinhava ou raramente passava a ferro, aos poucos fui assumindo a responsabilidade de mais e mais tarefas até que não restou nada para delegar. Não que a minha não continue disponível para me ajudar ou até se mostre interessada em o fazer. Eu é que há medida que me fui embrenhando pelo mundo das lides domésticas fui apanhada por uma avassaladora necessidade de controlar tudo o que se passa na minha casa e acometida de um ataque de perfeccionismo. Já não basta passar a ferro, há que fazê-lo com apuro, dobrar impecavelmente cada peça de roupa. Fazer a cama não é suficiente, há que esticar os lençóis na perfeição como se alguém pudesse ver através da colcha desmascarando o embuste por detrás do quadro de esmero. Enfim, é como um monstro que estou a criar dentro de mim, que se alimenta da minha obsessão por ser (ou parecer) perfeita e dos meus pensamentos persecutórios do dever não cumprido, que tomou conta de mim de tal forma que não me deixa desfrutar das pequenas grandes coisas que me trazem prazer sem sucumbir perante o assalto de culpa que imediatamente me derruba e me leva de volta à esfregona, ao ferro e às panelas.

O grande problema é que jamais conseguirei fazer tudo o que tenho de fazer. As tarefas nunca se esgotarão, a casa nunca estará impecavelmente limpa, ou as gavetas suficientemente arrumadas. Querer alcançar a perfeição é acabar inevitavelmente submersa pela frustração e aniquilar qualquer possibilidade de poder retirar algum prazer da vida. No outro dia, li uma frase que me orienta agora na busca por alguma tranquilidade e na tentativa de reordenar as minhas prioridades colocando em primeiro lugar algumas coisas como por exemplo, escrever este post, que hoje foi a primeira primeira coisa que fiz. Dizia a frase que “o maior desafio é aceitar que as coisas são imperfeitas”.

5 de junho de 2009

Bolos e Bolbos



Em vez de bolo... bolinhos. Fiz no fim-de-semana mas ainda não tinha tido tempo de vir aqui publicar. E mais bolbos do meu jardim.

7 de maio de 2009

ideias de feltro

Quando pensei inicialmente em criar um blog, um dos principais objectivos que tinha em mente era o de expôr os meus crafts. Embora ultimamente não tenha tido muito tempo para esse tipo de actividades aqui fica um quadro que fiz para o quarto da B..



Os materiais que utilizei foram: tela, tintas acrílicas, feltro, eva, botões e missangas de vários tamanhos, linhas de várias cores, fitas de veludo e gregas. Podem-se colocar fotos entre as fitas e a tela. Foi inspirado nas borboletas e flores da caminha da B..



E um móbil também em feltro com o tema das borboletas e flores, que fiz para oferecer.





Os materiais utilizados foram feltro, linhas, botões, missangas, pregadeiras, fio de algodão e arame.

19 de março de 2009

Bolo de Limão




Fiz no sábado. Ficou óptimo.

9 de março de 2009

Iris germanica



Com a gravidez e o nascimento da B., o jardim foi temporariamente abandonado embora não esquecido. Felizmente os bolbos permanecem lá e brindam-me ano após ano com a sua beleza. Estes surgiram no meio do caos como que a aliciar-me a voltar depressa a jardinar. Ficaram muito bem junto à janela da cozinha.

21 de fevereiro de 2009

Ser mãe

Faz hoje um mês que experienciei o mais extraordinário acontecimento da minha vida: o nascimento da minha filha Bárbara. A sua chegada que já anunciara mudar a minha vida desde o momento em que a soube a crescer dentro de mim, veio afinal mudar não só a minha existência mas também a mim. A Bárbara não mudou só a minha vida. Mudou-me. Mudou a minha forma de pensar, de ver, de escutar, de sentir… de ser. É ela que me faz pensar de forma diferente, que me permite ver melhor, que me leva a escutar mais. É ela que me define. Sou diferente, sou melhor… sou Mãe!!!

16 de janeiro de 2009

Mais fruta da época...















... transformada...















... em doce!!!

13 de janeiro de 2009

doce de kiwi

Para aproveitar a fruta da época.













Descascam-se os kiwis (1 Kg) e cortam-se em pedaços pequenos.

































Junta-se sumo de três limões e uma chávena de água e vai ao lume até o kiwi ficar reduzido a puré.

Adiciona-se o açucar (3 chávenas) e deixa-se ferver até ficar no ponto.

















E, voilá.
































Delicioso. A seguir quero fazer compota de laranja.