23 de junho de 2009

Ser mãe... a tempo inteiro

A Bárbara fez 5 meses no domingo e com eles chegou ao fim a minha licença de maternidade. Ontem seria o meu primeiro dia de trabalho. Digo seria porque depois de muito reflectir, de pesar os prós e contras, optei por ficar em casa e não voltar a trabalhar. Pelo menos para já. Esta minha decisão nada tem a ver com a vontade de me tornar uma “nova doméstica” embora nada tenha contra este movimento que pratica o culto do craft, das coisas feitas em casa, do resgatar saberes desde sempre atribuídos às mulheres e passados de geração em geração. Gosto de cozinhar, costurar, bordar, tratar da casa e do jardim. Acho que nenhuma mulher é menos mulher se OPTAR por fazê-lo. A verdadeira liberdade é podermos assumir o controlo da nossa vida e escolher aquilo que queremos fazer dela e não sujeitarmo-nos àquilo que a sociedade nos impõe, seja o ficar em casa a cuidar da família como acontecia há alguns anos atrás, seja o trabalhar fora de casa a qualquer custo como acontece nos dias de hoje. E digo a qualquer custo porque acredito que muitas mulheres trabalham, deixam os filhos no infantário e andam numa roda viva não porque isto lhes traga alguma realização pessoal ou profissional ou até mesmo alguma compensação financeira, mas sim porque acreditam que se optarem por ficar em casa estão a ver roubada a sua liberdade.

No meu caso, voltar a trabalhar significava voltar para o Algarve, não ter qualquer rede social de suporte e privar a minha filha do convívio com a família. Não do pai, que ficaria connosco na maior parte dos dias, mas dos avós, tios, primos e sobretudo do irmão (o meu enteado, que vive com a mãe). Significava acordá-la cedo, pô-la no infantário, ir trabalhar, ir buscá-la ao infantário, chegar a casa cansada e ainda ter de fazer o jantar, tratar da casa e pô-la na cama sem tempo para brincar com ela, para a escutar, para a mimar. Significava ter de me deslocar frequentemente ao Alentejo para poder estar com a família. Significava também pagar uma renda de casa no Algarve, infantário, despesas de deslocações e arranjar alguém que me ajudasse com as tarefas domésticas pois seria impossível conseguir tratar de duas casas sozinha. Ou seja, ir trabalhar para o Algarve depois do nascimento da Bárbara significava estar a pagar para trabalhar e não retirar qualquer prazer disso. Ficar na minha casa no Alentejo junto da minha família e cuidar da minha filha é neste momento a opção mais acertada e sobretudo aquela que me faz mais feliz (e certamente que a ela também!).

Depois de comunicar a minha decisão de ficar em casa a família e amigos, já ouvi todo o tipo de comentários, desde o elogio e incentivo à crítica de quem tem a ideologia do feminismo do pós 25 de Abril de tal forma incutida que não consegue perceber que a verdadeira liberdade é o poder de escolha. Fui educada por pais trabalhadores que me incentivaram a estudar e trabalhar e passei muito tempo perto de uma avó que me ensinou a tricotar e bordar ainda eu não sabia ler. Sinto-me bem dos dois lados. Mas acima de tudo fui criada por uma família que respeita as minhas escolhas e que me apoia mesmo quando não concorda com elas.

10 de junho de 2009

fraldas e feltro



Embora as galinhas sejam o meu objecto fetiche, também gosto muito de ovelhas. Elas são o tema da segunda fralda bordada com aplicações de feltro, que ainda não está acabada. As da foto acima são do quarto do Eduardo, o meu enteado.


A primeira fralda com aplicações de feltro foi a da Bárbara e o tema são, claro, as flores e borboletas.

Vou tentar tirar umas fotos onde se vejam melhor as aplicações para publicar mais tarde.

8 de junho de 2009

bolo de domingo



Fiz ontem para o lanche em casa da minha mãe.

opiniões de peso

Não, não são opiniões importantes ou opiniões emitidas por pessoas importantes. Dizem respeito isso sim, à irreprimível necessidade que a generalidade das pessoas têm para emitir comentários acerca do peso alheio. “Olá, tudo bem? Estás mais gorda!”, ou “Olá, tudo bem? Estás mais magra!” são frases repetidas vezes sem conta, mais pelas mulheres, mais a primeira do que a segunda e mais por pessoas mais gordas do que magras porque “o mal dos outros a todos consola”. Mas se acham que o peso é já tema recorrente das conversas de circunstância esperem só até ficarem grávidas e terem um bébé. É extraordinária a quantidade de pessoas que, temendo que eu não tenha espelhos em casa ou seja desconhecedora de um objecto tão vulgarmente utilizado como é a balança, faz questão de me recordar que estou mais gorda. E não me refiro a pessoas amigas ou familiares, refiro-me a pessoas que antes só me diziam bom dia ou boa tarde. Pessoas cujo Indice de Massa Corporal roça muitas vezes o limite da obesidade e que, pelos vistos se sentem melhor quando pensam que afinal não são as únicas com peso a mais, apesar de eu continuar com um IMC dentro dos limites da normalidade mesmo com os quilos que tenho a mais. Pessoas que não tiveram um bebé há quatro meses mas sim há muitos anos atrás e pelos vistos ainda não recuperaram. Coloca-se então a questão: será que o que as incomoda é serem gordas ou que as outras sejam magras?

6 de junho de 2009

primeiro as primeiras coisas

Primeiro, as primeiras coisas. É com este lema a povoar a minha mente que me levanto todos os dias e deambulo pela casa, ainda não completamente acordada, numa luta interior entre a irresistível tentação de voltar para a cama e o peso esmagador da responsabilidade de cumprir as intermináveis tarefas domésticas que me aguardam.
As primeiras coisas são, invariavelmente, tomar o pequeno-almoço, tomar banho e vestir-me. As segundas primeiras coisas podem ser cozinhar, limpar a casa ou passar a ferro. O importante é estabelecer prioridades e aproveitar ao máximo as escassas horas que ainda me restam antes da B. despertar. No entanto, o que tenho vindo a constatar é que, mais horas a B. dormisse, mais tarefas eu arranjaria para fazer. E coisas como ler, escrever, pintar ou simplesmente ver algumas das minhas séries preferidas que vou gravando na esperança de arranjar tempo para ver, vão sendo indefinidamente adiadas.

Felizmente, posso contar com o suporte da minha mãe para muitas tarefas. No entanto, o curioso é que se até há pouco tempo eu praticamente não cozinhava ou raramente passava a ferro, aos poucos fui assumindo a responsabilidade de mais e mais tarefas até que não restou nada para delegar. Não que a minha não continue disponível para me ajudar ou até se mostre interessada em o fazer. Eu é que há medida que me fui embrenhando pelo mundo das lides domésticas fui apanhada por uma avassaladora necessidade de controlar tudo o que se passa na minha casa e acometida de um ataque de perfeccionismo. Já não basta passar a ferro, há que fazê-lo com apuro, dobrar impecavelmente cada peça de roupa. Fazer a cama não é suficiente, há que esticar os lençóis na perfeição como se alguém pudesse ver através da colcha desmascarando o embuste por detrás do quadro de esmero. Enfim, é como um monstro que estou a criar dentro de mim, que se alimenta da minha obsessão por ser (ou parecer) perfeita e dos meus pensamentos persecutórios do dever não cumprido, que tomou conta de mim de tal forma que não me deixa desfrutar das pequenas grandes coisas que me trazem prazer sem sucumbir perante o assalto de culpa que imediatamente me derruba e me leva de volta à esfregona, ao ferro e às panelas.

O grande problema é que jamais conseguirei fazer tudo o que tenho de fazer. As tarefas nunca se esgotarão, a casa nunca estará impecavelmente limpa, ou as gavetas suficientemente arrumadas. Querer alcançar a perfeição é acabar inevitavelmente submersa pela frustração e aniquilar qualquer possibilidade de poder retirar algum prazer da vida. No outro dia, li uma frase que me orienta agora na busca por alguma tranquilidade e na tentativa de reordenar as minhas prioridades colocando em primeiro lugar algumas coisas como por exemplo, escrever este post, que hoje foi a primeira primeira coisa que fiz. Dizia a frase que “o maior desafio é aceitar que as coisas são imperfeitas”.

5 de junho de 2009

Bolos e Bolbos



Em vez de bolo... bolinhos. Fiz no fim-de-semana mas ainda não tinha tido tempo de vir aqui publicar. E mais bolbos do meu jardim.