30 de março de 2012

primavera






Depois das arrasadoras geadas de inverno que despiram completamente o jardim, a primavera surge assim, sob a forma de exuberantes narcisos e iris como que a dizer que o jardim estava apenas adormecido! As cores da primavera invadem também as minhas ideias que se materializam num colar e, quem sabe, em algumas pregadeiras coloridas. Gostava mesmo de ter tempo para materializar os milhares de ideias que me vão na alma!

22 de março de 2012

12 de março de 2012

beautiful people


Já houveram na minha vida pessoas, momentos ou situações que me fizeram duvidar da natureza boa do ser humano. Mas de vez em quando, ainda que não tantas vezes como desejaria, a vida brinda-me com a dádiva de me cruzar com pessoas extraordinárias. Pessoas que não se limitam a proferir uma sucessão de frases feitas e lugares comuns. Pessoas que quando olham para nós estão realmente a ver-nos e quando falam, falam diretamente ao nosso coração. Pessoas que se interessam, assim gratuitamente, sem esperar nada em troca. Simplesmente porque são assim, faz parte delas. São estas pessoas, por poucas que sejam, que fazem com que as outras, sejam elas quantas forem, percam o significado. Obrigada, Teresa.

11 de março de 2012

de que cor é a saudade


Hoje foi o dia em que senti vontade de sair do registo cromático que me tem acompanhado e desejei rodear-me de alguma cor. Foi o dia em que consegui, pela primeira vez, sentir alguma paz. Assim, porque sim, e não por ser uma qualquer data especial.
O que me tem levado a fazer-me acompanhar desse registo cromático não sei se é a incerteza acerca do que a minha mãe desejaria, o medo de potenciais juízos de valor ou, tão simplesmente, o facto de se tratar de um prolongamento do meu estado de alma. Mas, hoje sei finalmente, que não posso homenagear a minha mãe sendo uma pessoa que não sou ou fazendo algo em que não acredito. A dor,a perda, o luto e a saudade farão para sempre parte de cada pedaço do meu ser. Isso eu sei.

9 de março de 2012

pregadeira #4

Para a minha colega Flor.

4 de março de 2012

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Foi a minha avó Eugénia que, ainda antes de eu saber ler e escrever, me ensinou a manusear agulhas e linhas, a fazer crochet, tricot e "bainhas abertas". Foi a minha avó Eugénia que me comprou o primeiro caderno e o primeiro lápis para que o meu tio-avô Manuel Augusto me ensinasse a escrever o meu nome e a conhecer o alfabeto antes de eu ir para a escola, que na aldeia não havia ensino pré-escolar. Foi a minha avó Eugénia que me deixou, a mim e às minhas primas, fazer bolos, biscoitos e crepes, virando a cozinha do avesso e sujando pilhas de loiça que ela depois pacientemente lavava e arrumava. Foi dela que herdei o gosto pela costura, pela malha e renda, pelas coisas feitas em casa com atenção ao detalhe e acabamentos perfeitos. Foi também dela que herdei a obcessão pela arrumação e organização, a fobia aos pelos dos cães e, possivelmente, o sentimento de culpa por ser incapaz de alcançar a perfeição naquilo a que me proponho. Outras coisas houve que ela me transmitiu e que não encontraram em mim caminho para singrar, como as inúmeras superstições que a atormentavam. A sua característica mais marcante era sem dúvida a defesa acérrima da família e de tudo o que a ela dissesse respeito. Dois meses e poucos dias depois de me despedir da minha mãe é a vez de dizer adeus à minha avó Eugénia.