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6 de janeiro de 2013

Dádiva inesperada II ou os meus instantes mágicos


Quando há cerca de cinco anos a minha avó Teresa foi viver para o lar de idosos ficaram para trás as flores (poucas) que adornavam a sua pequena varanda desde que a minha memória me permite recordar. Passado algum tempo, resgatei para o meu alpendre as begónias e plantei umas estacas da malva conhecida na aldeia pela "malva da Ti Teresa" e que tem sobrevivido ao longo destes anos ao desbaste dado pelas transeuntes que não resistem a levar para casa umas podas para terem o seu próprio exemplar da tão cobiçada flor. Ao lado da malva, no minúsculo canteiro, ficou esquecida a velha roseira. Eu nunca fui uma apreciadora de roseiras, apesar de gostar das rosas em jarras ou em arranjos. Apenas tenho uma roseira no meu jardim porque me foi oferecida e confesso que não sei como cuidar dela. Mas, de há uns tempos a esta parte, tenho reparado que nas escassas vezes que passo à porta da minha avó, na antiga varanda com a cal a cair, no canteiro esquecido, a velha roseira teima em brindar-me com uma rosa como que a mostrar-me que ali naquele lugar esquecido e abandonado, ainda há vida. No outro dia passei por ali e lá estava esta bela rosa com as gotas de água da chuva recente a brilhar sobre ela. Não resisti a trazê-la comigo e eis que quando a cheirei, não foi a rosa que me cheirou. Cheirou-me à minha infância e às tardes passadas com a minha avó na soleira da porta. Cheirou-me a doces memórias que me enchem o coração de ternura e me põem um sorriso nos lábios. Foi uma dádiva inesperada que guardarei no fundo da minha alma junto às recordações de todos os momentos mágicos vividos com a minha avó. Quando o tempo passa, quando os que nos são queridos partem, quando as casas ficam apenas habitadas por uma saudade sem fim, restam as nossas memórias e recordar faz com que aqueles que amamos permeneçam para sempre vivos.


"Pudéssemos nós pegar num dia, ou talvez num instante apenas, aquele momento mágico em que tudo foi perfeito, extraordinário. Soubéssemos nós guardar para sempre esse momento, emoldurá-lo na nossa memória, no coração, na alma.(...) Para cada um, este ápice, esta paragem do relógio da vida, pode ter milhares de formas diferentes. O primeiro beijo. A primeira vez que olhamos o nosso filho. O cheiro da terra molhada ou o pôr do Sol (...) Não sei. As folhas que perdem o verde e se transformam num castanho dourado (...) Não sei. Apenas sei da obrigação que temos para connosco de salvar estes instantes mágicos e, depois, ir buscá-los ao fundo da alma, quando os dias são negros, pesados e as noites longas." Momento mágico, Luísa Castel-Branco in Para ti do fundo do meu coração.

12 de setembro de 2012

O sorriso das mulheres



 
O sol matinal encheu o alpendre de luz e as flores de verão encheram-no de cor. Este livro, com uma capa e um título inspiradores, de um autor que desconheço, promete fazer feliz quem o ler. Só isso fez-me sorrir quando o vi na biblioteca e não resisti a trazê-lo. Ler este livro é o meu projeto para hoje!

2 de maio de 2012

dádiva inesperada




"Nunca sabemos quando é que a dádiva inesperada vai chegar vinda do nada e alegrar-nos". Cathy Kelly, Reencontros.
Numa destas manhãs, a dádiva inesperada chegou sob a forma destas maravilhosas  flores do cacto Echinopsis eyriesii.

30 de abril de 2012

do fim de semana

Com chuva e frio, again, o fim de semana foi convidativo a ficar em casa a ler, beber chá e comer bolinhos feitos por mim e pela Bá na sexta-feira. Os livros são aqueles que me propus a ler aqui, começando pelo de Luis Sepúlveda.

1 de agosto de 2011

conservas

Há alguns anos li um romance italiano em que duas das personagens, umas irmãs super divertidas, só comiam comida congelada e enlatada, o que contrasta bastante com as habituais personagens dos livros que costumo ler que preparam massa fresca, passam horas a mexer um molho até que o mesmo engrosse e aguardam pacientemente que a carne cozinhe em lume brando até ficar tão tenra que se desfaça ao mais ligeiro toque de um garfo. Bem, devo confessar que me identifico mais com estas últimas, que me levam logo a imaginar-me a mim própria, frente ao meu fogão, a tentar reproduzir tais obras culinárias. Mas, ainda assim, também comemos enlatados cá em casa e não resisiti a fotografar estes acabadinhos de chegar da loja da Conserveira do Sul (a única ainda a laborar no Algarve). O livro era A abelha do amor de Stefania Bertola.

18 de julho de 2011

mozzarela


"Além do mozzarella, o leite das búfalas era utilizado em várias outras especialidades. As ciliegini eram pequenas bolas com a forma de cerejas para saladas enaquanto os bocconcini tinham a forma de gotas para serem envolvidos em fatias de presunto tenro. As treccia, tranças, eram entrelaçadas e servidas com limões de Amalfi e tenros brócolos novos. O mozzarella affumicata era levemente fumado e de cor castanha enquanto o scamorza era fumado sobre uma camada de combustão de cascas de noz-pecã até se tornar escuro e intenso como uma chávena de café espresso. Quando havia leite excedentário, faziam até um queijo duro, ricotta salata di bufala, que era salgado e levemente frutado, perfeito para ralar sobre legumes assados. Mas o queijo que mais fama dava aos Pertini era o burrata, um miniscúlo saco do mozzarella mais fresco, recheado com espessas natas de búfala e envolto em folhas de asfódelo." Anthony Capella, Noivas de Guerra.

30 de junho de 2011

reencontros

Terminei a leitura do primeiro romance destas férias: Reencontros da autora Cathy Kelly. À excepção de algumas obras infantis e juvenis, não me recordo de ter alguma vez lido um livro mais do que uma vez. Existem, claro, alguns romances que, pela saudade deixada pelas personagens, pela escrita do autor ou pela experiência proporcionada pela sua leitura, deixam vontade de voltar a ser lidos no futuro. Este é um sério candidato à lista dos livros que gostaria de reler.

As personagens acerca das quais narra a história são mulheres cujas vidas são pautadas por sentimentos que todos nós experienciamos no nosso quotidiano independentemente do acontecimento mais ou menos dramático, feliz ou trivial que está na sua origem. Alegria, tristeza, culpa, remorso, frustração, raiva, dor, arrependimento, perdão, amor, amizade... Fica, acima de tudo a certeza, de que a amizade é um bem precioso, que é nos amigos que encontramos conforto para lidar com a dor e força para lutar contra as adversidades. E é também na companhia dos amigos que melhor sabe deliciarmo-nos com as vitórias, o sucesso e as alegrias.

Contudo, este livro revestiu-se para mim de um significado ainda maior pelo facto de me ter transportado para a minha infância e para os maravilhosos momentos partilhados com a minha avó Teresa.

As páginas que antecedem cada capítulo são excertos do diário de receitas da mãe de Eleanor, uma das personagens, que contém muito mais do que receitas, ensinamentos para a vida de uma mulher do início do século XX que quer transmitir à sua filha muito mais do que a forma de manipular ingredientes ou confeccionar pratos, ferramentas para lidar com os desafios que a vida lhe há-de colocar.

E assim, no início de cada capítulo, cada uma dessas receitas para a vida transportava-me para a minha infância e para as tardes passadas com a minha avó. Quando o tempo estava bom, a minha avó esperava-me na soleira da porta, vendo a vida passar e contemplando os gerânios que adornavam a varanda caiada de branco. No Outono, íamos para o campo recolher lenha para a lareira ou apanhar bolotas e, no Inverno, ali ficávamos junto ao fogo onde na panela de barro coazinhavam lentamente as couves com um bocado de chouriço e carne de porco. Às vezes, a minha avó atiçava o fogo e espavalha umas quantas brasas no centro das quais assava umas castanhas ou umas bolotas. E ali, sentadas nas velhas cadeiras de bunho, iluminadas pelas labaredas, conversámos horas a fio, sem que houvesse uma televisão que nos roubasse a atenção ou um telefone que nos interrompesse. Éramos apenas nós e o crepitar da lenha como ruído de fundo. E a minha avó contava-me então, histórias do outro tempo. Desse tempo em que os habitantes da nossa minúscula aldeia tinham tão pouco. Criavam um porco e algumas galinhas, cultivavam os legumes na horta e amassavam e coziam o próprio pão. Apenas iam à vila muito ocasionalmente, envergando as suas melhores roupas de Domingo. Desse tempo em que a minha avó, em vão, vagueou atrás de médicos e curandeiros que devolvessem à sua filha a saúde que lhe fora tão cedo roubada.

A minha avó Teresa não me ensinou a cozinhar, nem tão pouco a costurar ou tricotar, tarefas que couberam à minha avó Eugénia. Mas, ensinou-me as mais precisosas lições de vida que sempre guardarei na memória e no coração. O que a minha avó me ensinou foram receitas para a vida. Ensinou-me a linguagem do amor e mostrou-me, sem ter de fazer uso das palavras, o que é a generosidade, o perdão e a tolerância.

Não pensem que a admiração imensurável que nutro pela minha avó Teresa reside no facto da sua vida ter sido pautada por perdas, por dor e por sofrimento, nem tão pouco reside no facto de a considerar alguma espécie de heroína que protagonizou tais tragédias com destemida coragem ou audaz bravura. Nada disso. Os dramas que a vida reservou à minha avó foram concerteza os mesmos que acometeram tantas outras pessoas, sobretudo nesse outro tempo tão díficil onde o trabalho, o dinheiro e a assistência médica eram bens tão raros e tão longíquos para as gentes da nossa terra. E a forma como lidou com eles foi exactamente a mesma utilizada por todas essas pessoas: com lágrimas, tristeza e sem muitas vezes conseguir encontrar na vida algo que lhe devolvesse a vontade de sorrir, de viver...

A admiração que nutro pela minha avó tem a ver apenas, com o facto de nunca, nem uma vez a ter visto impacientar-se comigo por mais travessa que eu me mostrasse, nem uma única vez a ter ouvido proferir alguma palavra marcada por rancor dirigida a quem quer que fosse que a tivesse ofendido ou magoado, nem uma única vez ter presenciado da sua parte algum julgamento a quem quer que pudesse eventualmente ter falhado ou agido de forma errada.
A admiração que dedico à minha avó Teresa e que faz dela o ser humano mais maravilhoso que alguma vez conheci, tem tão simplesmente a ver com o fato de nenhuma perda, por mais terrível que fosse, nenhuma doença por mais que molestasse, nenhuma ofensa por mais mordaz que se anunciasse, lhe terem alguma vez endurecido o coração e lhe terem alguma vez abalado a sua inesgotável capacidade para amar, perdoar, dar e partilhar, com quem quer que precisasse, o pouco que ela tivesse.

19 de junho de 2011

23 de maio de 2011

Delicioso..

 
... este livro da Nicky Pellegrino. Romance, itália e comida: três ingredientes irresistíveis que me fazem devorar um livro de uma ponta até à outra.Foi o caso deste e deste entre tantos outros em que a sofreguidão voraz com que leio página após página começa progressivamente a dar lugar a uma necessidade de adiar a inevitável despedida das personagens, lugares e história. Sim, é verdade: eu tenho saudades de algumas personagens dos livros que leio!

17 de dezembro de 2010

10 de janeiro de 2010

o que ando a ler



Adoro romances e sou fã incondicional desta autora. Tenho todos os seus livros editados em Portugal e também tenho um em italiano que, devo confessar, ainda não li todo. Gosto do estilo de escrever da autora que relata invariavelmente histórias de mulheres atravessando gerações, contextualizando as vivências pessoais das personagens no quadro histórico e cultural em que as mesmas têm lugar e relatando os mesmos acontecimentos da perspectiva dos vários intervenientes. E além disso, gosto muito da língua italiana da qual percebo pouco mas gostava de saber muito mais. De todos os romances da autora que já li, o que mais gostei foi sem dúvida A viela da duquesa, seguido por Qualquer coisa de bom.


Sinopse
“Roberta é uma jovem livreira em plena crise existencial e conjugal - Oscar, o marido, com quem casou contra a opinião de toda a gente, revela-se incapaz de responder às suas necessidades e de assumir as responsabilidades de uma família.
Uma dolorosa reflexão leva Roberta a percorrer o passado e a descobrir as raízes do seu mal-estar, que remontam à infância, passada no meio dos afectos envolventes da família paterna, onde a mãe, Malvina, brilhava pela ausência. Feminista convicta no período turbulento de 68, Malvina escolhera viver de acordo com os seus princípios e confia a filha ao companheiro. Desta situação vão nascer, ao longo do tempo, dramas, mal-entendidos, conflitos mal resolvidos e também segredos há muito guardados. E é apenas ao dissipar estas sombras que Roberta vai conseguir superar a crise e reconciliar-se consigo mesma.
Uma história de ligações profundas e paixões intensas em que Sveva Casati Modignani, através do confronto entre duas gerações de mulheres, nos conta como éramos antes e como somos agora.”

Porto Editora, 2009

15 de outubro de 2009

é oficial



Depois do nascimento da Bárbara este foi o primeiro romance que consegui ler de uma ponta até à outra. Depois deste já se lhe seguiu Alma e os mistérios da vida (Luísa Castel-Branco), que tinha começado a ler ainda quando estava grávida mas que acabei por ler novamente desde o início, e agora é a vez do novo romance da Sveva Casatti Modignani. Não sei se o vou ler com a sofreguidão habitual com que costumo devorar os seus livros pois agora com o início do novo trabalho as leituras são outras...